Foto de Naian Meneghetti
Foto de Gonçalo de Carvalho
Parece que a derrubada de árvores no Gasômetro e a duplicação da Edevaldo não se destinam a atender ao fluxo de ônibus que levam hipotéticos operários da RM para hipóteticas indústrias da zona Sul.Essa conversa para boi dormir, como estava claro desde o início, além do projeto da privatização do Parque, estaria sendo negociada ao estilo da Copa do Mundo, condição prévia para a realização da fórmula Indy no Centro Histórico de Porto Alegre.Essa idéia já tinha sido aventada nos tempos do Clóvis Magalhães, e provavelmente teria também a ver com os famosos portais do Clóvis, o túnel debaixo do viaduto Otávio Rocha, e o desmonte do largo Zumbi dos Palmares - o que foi sustido pelo movimento dos moradores da Cidade Baixa.
Fonte: ZH/RBS
ativista socialjornalista e escritoraTania Jamardo FaillaceA fórmula Indy, com velocidades de 300kmh e até mais, é a competição esportiva que mais vítimas causa entre o público. Sendo corrida de rua, o que acontecer na pista (colisões, capotagens, carambolas) inevitavelmente atingirá o público, transeuntes comuns e fachadas.
À diferença de provas em autódromos, em que o público assume voluntariamente o risco, na fórmula Indy basta ser morador ou frequentador do bairro para estar exposto a: risco de morte e lesões graves; barulho equivalente a uma pista de pouso de jatos durante três dias e horas a fio; e interdição do direito de ir e vir na região durante, no mínimo, três dias (sexta - usada na cronometragem dos tempos e regulagens; sábado - definição do grid de largada; domingo - a corrida propriamente dita) .Nesses três dias, o infeliz morador do Centro Histórico não poderá ir ao supermercado, a menos que seu prédio seja colado ao mesmo, nem à farmácia, nem visitar os parentes, nem levar seu cão a arejar, acompanhar seu filho em alguma pracinha, andar de bicicleta, ir até a orla do rio ou à Usina, ler ou escutar seus discos, conversar com os amigos, ou atravessar as ruas do entorno.
Ai dele se tiver uma emergência médica, ou sua casa pegar fogo... Como poderão bombeiros ou ambulâncias acercar-se, com o trânsito interditado na área?A fórmula Indy é especificamente norteamericana, e não é aceita no continente europeu. Quem lucra com ela? Os empresários do esporte e os patrocinadores, e os políticos e administrações que fazem contratos secretos com esses agentes, sem qualquer consulta aos cidadãos e moradores do local, ou respeito às leis municipais.Compreende-se, pois, a sanha contra as árvores do Gasômetro e a elevada do Aeromóvel: elas prejudicam a visão da pista e dos carrinhos. Se for construído algum palanque ou camarotes na Julio Mesquita, como permitirão eles que árvores copadas como tipuanas atrapalhem o espetáculo? Se fossem coqueirinhos, não seria tão grave para o empreendimento da Fórmula Indy.Pessoal, sabemos o que tem custado aos portoalegrenses sua boa fé, e sua confiança no bom senso de suas administrações.Mas alertamos que os contratos com a Indy são por muitos anos, e essas corridas da morte dão-se anualmente.No projeto dos portais de Clóvis Magalhães, estavam envolvidos: a Shell, a Catterpillar, e os famosos catalães, aqueles mesmos que estavam interessados no Cais, e que têm relações com outros gigantes transnacionais, como a Agbar-Águas de Barcelona, responsável por dramáticas guerras da água na América Latina.Os bancos catalães quebraram, mas o dinheiro é virtual, como vocês sabem, e as contabilidades das grandes corporações sempre dão um jeitinho.Há necessidade de se buscar mais informações e divulgar o assunto para que as pessoas se posicionem.
Cá entre nós, não seria essa uma das intenções secretas na tal "revitalização" do cais? transformá-lo numa retaguarda da corrida? É de se pensar.
Foto de Tadeu Vilani / Agência/RBS
"MOVIMENTO DE LUTA EM DEFESA
DA ORLA PÚBLICA DO RIO GUAIBA"
fundado em 19 de Junho / 2001.
Foto do Blog SOS Rios do Brasil: Porto Alegre
FORA INFORTUNATI ASSASSINO DE ÁRVORES!
Edição de Vittório Emmanuel Benevenutto