quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A DAY IN THE LIFE


    ...e um dia ele acordou e abriu os olhos...
- ...mas meu Deus, o que eu tô fazendo 
aqui ? ...
Não sabia, nem lembrava de nada. Dentro 
de si era 
apenas um imenso vazio... um grande eco 
sem resposta... uma dolorosa interrogação !
- ...será que eu fiz alguma coisa ? ...
Não tinha certeza de nada. Tudo lhe parecia diferente e estranho. Tentava raciocinar para 
ver se encontrava alguma resposta lógica 
sobre o que estava acontecendo, mas não conseguia...
- ...será que eu sou culpado ? ...mas de que ? ...
Imagens de situações passadas e presentes 
passavam em alta em alta velocidade por ele 
e ele não conseguia se fixar em nenhuma. 
Paisagens, pessoas, coisas embaralhadas 
que lhe pareciam vagamente familiares, 
mas neste instante não lhe diziam nada.
- ...será que sou eu mesmo ? ...talvez 
fosse outro...
Uma sensação esquisita, vinda não se sabe 
de onde, tomava conta do seu corpo e ele 
suava...
- ...por que será que tá todo mundo olhando 
pra mim ? ...
Tinha a impressão de estar sendo julgado, 
dissecado, analisado...
- ...será que é algo assim tão grave ? ...
Sentia-se imóvel, petrificado, amarrado 
por alguma coisa invisível e forte...
- ...que força estranha será essa ? ...
Várias sensações físicas e paranormais 
lhe atormentavam e lhe torturavam por 
dentro...
- ...por que me batem tanto ? - pensava.
Não sabia por que razão, mas berrava o 
mais alto que podia...
- ...deixem-me em paz, eu sou livre ! 
Livre ? ...ah, então era isso ! ...
Pos-se a rir e ficou assim durante um 
bom tempo... de repente, lágrimas foram 
tomando conta do seu rosto ao perceber 
que o seu tempo tinha se esgotado e ele, 
agora, não era mais ele e sim, apenas mais 
um deles...
...só porque sabia... só porque entendia... 
só porque sabia por que...
"I reed the news today, oh boy...


Vittório Emmanuel Benevenutto

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