terça-feira, 9 de novembro de 2010

MARIO QUINTANA

Já que estamos em clima da Feira do Livro de Porto Alegre, vamos contar um pouco da história
e da obra de um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos:



Mario Quintana foi um importante escritor, jornalista e poeta gaúcho. Nasceu na cidade de Alegrete (Rio Grande do Sul) no dia 30 de julho de 1906. Trabalhou também como tradutor de importantes obras literárias. Com um tom irônico, escreveu sobre as coisas simples da vida, porém buscando sempre a perfeição técnica.
Sua infância foi marcada pela dor e solidão, pois perdeu a mãe com apenas três anos de idade e o pai não chegou a conhecer (morreu antes de seu nascimento). Viveu na cidade natal até os 13 anos de idade. Em 1919, mudou-se para a cidade de Porto Alegre, onde foi estudar no Colégio Militar. Foi nesta instituição de ensino que começou a escrever seus primeiros textos literários.

Já na fase adulta, Mario Quintana foi trabalhar na Editora Globo. Começou a atuar na tradução de obras literárias. Durante sua vida traduziu mais de cem obras da literatura mundial. Entre as mais importantes, traduziu “Em busca do tempo perdido” de Marcel Proust e “Mrs. Dalloway” de Virgínia Woolf.

Com 34 anos de idade lançou-se no mundo da poesia. Em 1940, publicou seu primeiro livro com temática infantil: “A rua dos cataventos”. Volta a publicar um novo livro somente em 1946 com a obra “Canções”. Dois anos mais tarde lança “Sapato Florido”. Porém, somente em 1966 sua obra ganha reconhecimento nacional. Neste ano, Mario Quintana ganha o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira dos Escritores, pela obra “Antologia Poética”. Neste mesmo ano foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras.

Ainda em vida recebeu outra homenagem em Porto Alegre. No centro velho da capital gaúcha é montado, no prédio do antigo Hotel Majestic, um centro cultural com o nome de Casa de Cultura Mario Quintana.
Tentou algumas vezes, sem sucesso, o ingresso na Academia Brasileira de Letras, tendo perdido a indicação normalmente para políticos pseudo-escritores, como José Sarney, por exemplo.
Faleceu na capital gaúcha no dia 5 de maio de 1994, deixando um herança de grande valor em obras literárias.
Principais obras de Mario Quintana:

Poesias

A Rua dos Cataventos,1940
Canções,1946
Sapato florido,1948
O aprendiz de feiticeiro,1950
Espelho mágico,1951
Poesias,1962
Quintanares,1976
A vaca e o hipogrifo, 1977
Esconderijos do tempo,1980
Baú de espantos,1986
Preparativos de viagem,1987
Da preguiça como método de trabalho, 1987
Porta giratória,1988
A cor do invisível, 1989
Velório sem defunto,1990
Água, 2001

Literatura Infantil

O batalhão das letras, 1948
Pé de pilão,1968
Lili inventa o mundo,1983
Nariz de vidro,1984
O sapo amarelo,1984
Sapato furado, 1994

Antologias

Antologia poética, 1966
Prosa & verso, 1978
Na volta da esquina,1979
Nova antologia poética,1981
Literatura comentada,1982
cruza o rio,1985
80 anos de poesia,1986
Ora bolas, 1994




Só um lembrete do Quintana...
"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa...
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo: 
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá, 
será desse tempo que infelizmente não voltará mais."
QUINTANARES

fc
Um dos motivos que me fazem acreditar em nossa origem extraterrestre é que o homem é o único animal que aprecia olhar os incêndios.

fim
E chegará um tempo em que os militares inventarão um projétil tão perfeito, mas tão perfeito mesmo, que dará a volta ao mundo e os pegará por trás.

incorrigível
O fantasma é um exibicionista póstumo.

esvaziamento
Cidade grande: dias sem pássaros, noites sem estrelas.

a diferença
O que eles chamam de nossos defeitos é o que nós temos de diferentes deles. Cultivemo-los pois, com o maior carinho - esses nossos benditos defeitos.

da infinita solidão
Mas só Deus - que é único, que não tem par - poderia dizer o que é a solidão.

imagem
O gato é preguiçoso como uma segunda-feira.

caso clínico
O Destino é o acaso atacado de mania de grandeza.

precaução
As damas gordas não devem usar vestidos estampados, para não se repetir o que aconteceu certa vez, quando um senhor sentou no colo de uma delas, pensando que fosse uma poltrona.

visões
Os fantasmas também sofrem de visões: somos nós...


Fonte Whikipédia
Poemas extraídos de "Na volta da esquina"
Edição de Vittório Emmanuel Benevenutto

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