Este poema é dedicado a todos os "josés" do Brasil, menos um: José Ribamar Sarney, ex-presidente do Brasil; ex-governador do Maranhão; "imortal" da Academia Brasileira de Letras por seu best-seler "Marimbondos de Fogo", numa disputa parelha com o "mediano" poeta Mário Quintana; atual senador pelo Amapá (?) e presidente do Senado Federal que nomeia até cachorro poodle da sua neta.
Dito isso : XÔ FAMÍLIA SARNEY !
JOSÉ
1
E agora, José
A festa acabou
a luz apagou
o povo sumiu
a noite esfriou
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome
que zomba dos outros,
você que faz versos
que ama, protesta?
e agora, José
2
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode
a noite esfriou
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou
e agora, José?
3
E agora, José?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
4
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense
se você dormisse,
se você cansasse, ...
se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro, José!
5
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar
sem cavalo preto
que fuja a galope
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drumond de Andrade
Edição de Vittório Emmanuel Benevenutto
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