segunda-feira, 3 de novembro de 2014

FANATISMO

Minha alma de sonhar-te anda perdida,
Meus olhos andam cegos de te ver,
Não és se quer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda minha vida,

Não vejo nada assim, enlouquecida,

Passo no mundo meu amor a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida,

Tudo no mundo é frágil, tudo passa,

Quando digo isso toda graça
De uma boca divina fala em mim

E olhos postos em mim, vivos de rastros,

Podem criar mundos, morrer astros,
Que tu és como um Deus, princípio e fim.

Florbela Espanca

Edição de Vittório Emmanuel Benevenutto

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